Com 20 leitos, ala é a primeira do Norte do Estado em hospital privado
O Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), anuncia a abertura de uma unidade de internação especializada em saúde mental. A nova área, no segundo pavimento de um dos prédios da instituição, dispõe de um total de 20 leitos, que podem ser ampliados, conforme demanda. Toda uma equipe de profissionais de saúde, com psiquiatras, psicólogos, terapeuta ocupacional, enfermeiros e técnicos, foi formada no final do ano passado, para atendimento na unidade, que faz parte do planejamento estratégico do Dona Helena. A estrutura faz parte do Centro de Saúde Mental, composto, também, por ambulatórios de psiquiatria, psicologia e terapia ocupacional. O serviço é coordenado pela psiquiatra Mônia Bresolin.
O Dona Helena é o primeiro hospital privado do Norte catarinense a investir em uma ala de internação com esse foco. “Percebemos um aumento dos casos de pacientes psiquiátricos, que, até então, precisavam ser encaminhados para outras cidades, causando desconforto à família e ao próprio paciente”, afirma o diretor-geral José Tadeu Chechi. “Estamos atendendo a uma demanda da comunidade.” Nesta entrevista, o diretor explica como será a nova área.
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O que motivou o hospital a investir neste novo serviço?
Ao longo dos 105 anos de história, o Dona Helena foi se desenvolvendo e agregando serviços de acordo com as necessidades da população. Faz parte da missão do Dona Helena oferecer o melhor atendimento à comunidade. E nos inquietava quando pacientes chegavam à Emergência ou aos nossos ambulatórios de saúde mental apresentando transtornos, quadros de depressão, ou outros que exigiriam internação, e precisávamos encaminhá-los para outras cidades. Em Joinville, somente um hospital público dispõe desse tipo de estrutura, e com foco apenas na internação. Como prestadores de serviço, com o compromisso de resolver o problema do paciente de maneira integral, lamentávamos não poder atender aos pacientes e suas famílias aqui mesmo. Avaliamos o cenário e percebemos um aumento do número de casos na região, com um avanço no registro de doenças psiquiátricas. O Dona Helena sentiu que era importante oferecer uma opção que complementasse esse atendimento, considerando a tendência de aumento de casos do gênero. No ano passado, decidimos fazer esse investimento, visando também reduzir o desgaste para as famílias. O serviço agrega valor ao hospital, do ponto de vista assistencial, e também vai beneficiar pessoas de outras cidades, que já realizam tratamentos nos ambulatórios de psiquiatria, psicologia e terapia ocupacional, e, eventualmente, precisam de internação. O foco estratégico é atender a uma necessidade da população. Essa é a nossa missão.
E o novo serviço começa a funcionar na perspectiva de pós-pandemia, em que casos relacionados à psiquiatria se intensificaram…
Sim, vivemos um cenário desafiador, em decorrência da própria situação do isolamento social, que evidenciou dificuldades de comunicação entre as pessoas, com a pandemia impactando diretamente no convívio familiar, e em quadros diversos envolvendo questões de saúde mental que requerem atenção. Há todo um contexto que justifica o aumento de casos de doenças relacionadas que se manifestam, principalmente, no público mais jovem. Isso também preocupa muito: como garantir a assistência para as pessoas que precisam. A internação psiquiátrica vai ajudar a comunidade, dar um conforto maior, principalmente para a família e para o paciente, ao evitar o desgaste de se transferir para outras cidades.
Como é a estrutura da unidade?
Já mantínhamos os ambulatórios (psiquiatria, psicologia, terapia ocupacional), e estamos dando mais um passo, ao estruturar o Centro de Saúde Mental, com esta ala de internação. Desenvolvemos um projeto próprio para o perfil do paciente psiquiátrico, seguindo as exigências dos órgãos que regulamentam esse tipo de situação, para receber pacientes com uma condição de tratamento compatível. Uma das principais preocupações é desmistificar o atendimento psiquiátrico. A doença mental é uma doença que qualquer um de nós está sujeito a ter, e pode ser desencadeada por diversos fatores. E uma doença emocional exige todo um isolamento para que o tratamento ocorra de maneira satisfatória. Porém, entendemos que a humanização neste processo é essencial para o bom desfecho dos casos.
Como vai ser a equipe à frente da unidade?
As equipes de psiquiatria, psicologia e terapia ocupacional já atuam integradas ao corpo de profissionais da instituição. Uma psiquiatra está assumindo o papel de coordenadora da unidade. E boa parte dos pacientes que atenderemos deve ser oriunda dos ambulatórios, ou vai voltar, depois, para essas áreas, a fim de continuar o tratamento pós-internação. O sistema está preparado para a internação e para o tratamento pós-alta. A intenção é que o paciente fique internado apenas durante o período em que apresente um surto. Depois, terá alta e poderá seguir em um tratamento normal como qualquer outra doença, ou, em determinados casos, ser transferido para uma clínica de longa permanência. Temos, também, um profissional de terapia ocupacional trabalhando junto com a psicologia e a psiquiatria, o que é um diferencial no atendimento. A equipe de profissionais vem sendo formada desde o ano passado, e foi incorporada pelos demais setores do hospital, para aprender as rotinas e para que seja treinada dentro das nossas boas práticas. Agora, será direcionada para a unidade psiquiátrica. É uma estrutura bastante robusta.
As acomodações para os pacientes demandam alguma adaptação sobre as instalações habituais do hospital?
Naturalmente, a internação psiquiátrica exige uma série de cuidados, principalmente com a segurança do paciente: desde colocar proteção nas janelas, fixar os móveis para evitar que sejam usados de maneira não convencional, as TVs dos quartos também têm proteção… O ambiente deve estar compatível com a condição do paciente. Em algumas situações, o paciente psiquiátrico perde o controle, então, o local deve estar preparado para que, se algo acontecer, sejam garantidas a segurança, o conforto e o bem-estar de todos. A ala conta com espaços distintos para pacientes homens e mulheres, tem área de convivência e monitoramento por câmeras, além de controle de acesso nas portas, ou seja, é preparada para o paciente permanecer em isolamento. Mas, do ponto de vista interno, é uma unidade de internação como outra qualquer, não há nenhum fator ali que agrida o paciente ou que o faça se sentir enclausurado.
Quantos leitos compõem a ala?
A princípio, são 20 leitos, e com a possibilidade de leitos extra, dependendo da ocupação. Provavelmente, teremos ocupação expressiva, já na primeira fase. Essa é a estimativa, tendo em vista o número de pacientes que acabávamos mandando para outras instituições. Se for necessário encaminhar para clínicas, após o período crítico do surto, isso ocorrerá por meio do convênio com as operadoras que darão suporte para essa transferência. Um trabalho conjunto entre o hospital, para desospitalizar esse paciente, e a operadora, para a transferência, quando for o caso, já que, no Dona Helena, o trabalho é voltado para os períodos de surto: tirar o paciente dessa crise, para reabilitá-lo ou encaminhá-lo para uma instituição de suporte.