O Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), realizou procedimento para extração múltipla de órgãos, em uma paciente jovem. Em uma única intervenção, foram doadas duas córneas, dois rins, pulmão e fígado, encaminhados para diferentes receptores. A ação envolveu uma equipe de 20 profissionais de saúde. De acordo com o médico Pierry Barbosa, a família foi compreensiva, respeitando a decisão manifestada pela paciente de fazer a doação de seus órgãos.
O transplante múltiplo ocorre com maior frequência quando os doadores são jovens e sem doenças prévias, com quadro súbito de morte cerebral. “A conscientização é muito importante”, enfatiza Barbosa. “Sempre é recomendado que falemos com nossos familiares para expressar nossa intenção de doar. Isso facilita bastante a decisão familiar em um momento tão difícil.”
A enfermeira Nice Sperotto relata que, em situações como esta, os profissionais de saúde experimentam duas emoções simultâneas: a comoção pela perda dos familiares e a admiração pela generosidade de quem está sofrendo, mas, ainda assim, é capaz de pensar no próximo. “Enquanto equipe, ficamos na torcida para que a família doe os órgãos quando não há mais reversão do quadro, e sabemos que a morte encefálica é o fim para uma família, mas o recomeço para tantas outras, beneficiadas pela doação”, observa a enfermeira, sustentando que esse momento impõe reflexões e é, também, de muito trabalho para que os órgãos sejam cuidados e a doação, bem-sucedida.
O encaminhamento aos receptores dos órgãos doados nessas circunstâncias é coordenado pela Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, ligada à Secretaria da Saúde, que coordena as atividades de transplantes em âmbito estadual. A Central gerencia a lista única de receptores de órgãos e tecidos, além de formular políticas de transplantes para o estado.
Santa Catarina foi um dos estados pioneiros na regulamentação dos transplantes, seguindo normas federais.
Conforme levantamento recente, o Brasil tem mais de 56 mil pessoas aguardando transplantes. Em 2021, Santa Catarina foi reconhecida pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos como o estado com maior número de doações efetivas de órgãos para transplantes – foi a 13ª vez em 17 anos que o estado teve este destaque.