DH Notícias – Edição 148
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma), a automedicação é comum entre os brasileiros. Uma pesquisa realizada pela associação apontou que 80 milhões de pessoas tomam remédios sem consultar um médico. Muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato, a prática pode trazer consequências mais graves do que se imagina. Para falar sobre o tema, conversamos com Paulo Eduardo Pertsew, médico do Hospital Dona Helena. Confira a entrevista completa.
*Quais os principais riscos da automedicação?
A automedicação pode protelar o diagnóstico correto de uma doença ou agravar ainda mais uma doença que esteja em curso. A pessoa pode também sofrer com efeitos colaterais de medicações que não deveriam ser utilizadas.
*O que é possível fazer para coibir a prática?
É muito difícil coibir a automedicação, pois quase todo mundo tem acesso à internet e pode consultar o “Dr. Google”. Além disso, muitas pessoas ouvem os “conselhos” de vizinhos e parentes, informando que determinado remédio é excelente para certas doenças. A maneira mais eficaz de coibir, pelo menos parcialmente, é investir na educação da população através dos meios de comunicação, alertando para os riscos.
*Como o fácil acesso à internet colabora para que o número de pessoas que se automedica aumente?
Recentemente, uma pesquisa revelou que 80% dos brasileiros procuram informações medicas na Internet. 71% acreditam que conseguem avaliar bem as informações obtidas, mas 62% notaram que as informações não batiam com as informadas pelos médicos especialistas. Portanto, o fácil acesso à internet acaba se tornando um risco muito grande de agravamento de doenças.
*A internet pode ser uma aliada dos médicos? Como?
Sim, pois proporciona fácil acesso a informações sobre medicações, doenças e tratamento. Há vários sites e aplicativos disponíveis, mas nada que substitua o continuo aprendizado do médico, através de cursos, livros, congressos, etc. São ferramentas coadjuvantes.
*Quais os efeitos colaterais da automedicação?
Toda medicação tem efeitos colaterais. Por isso, é importante que o médico sempre seja consultado antes de se utilizar qualquer medicação, pois ele saberá a história e as doenças que o paciente apresenta, podendo receitar, dessa maneira, o melhor medicamento para aquele paciente especificamente.
*A prática pode agravar doenças preexistentes?
Certamente, a automedicação pode piorar doenças preexistentes. Vários medicamentos podem subir a pressão arterial, agravando uma hipertensão já existente. Corticoides podem aumentar os níveis de glicose, devendo ser evitados em diabéticos. Pacientes com lesões renais não devem usar anti-inflamatórios, pois podem piorar a função renal.