Francisco Costa Junior, médico ginecologista, integrante do corpo clínico do Hospital Dona Helena
O câncer de mama consiste em um tumor maligno que se desenvolve a partir de células da mama. Geralmente, começa nas células do epitélio que revestem a camada mais interna do ducto mamário. Mais raramente, o câncer de mama pode começar em outros tecidos, tais como o adiposo e o fibroso da mama.
Vários fatores podem levar ao câncer de mama. Para evitá-los, devemos seguir alguns hábitos saudáveis de vida. Evitar a obesidade mantendo dieta equilibrada; prática regular de exercícios físicos; a ingestão de álcool, mesmo em quantidade moderada, é contraindicada, pois é fator de risco para esse tipo de tumor; exposição a radiações ionizantes em idade inferior aos 35 anos.
A Organização Mundial da Saúde define o rastreamento do câncer de mama na faixa etária da população feminina de 50 a 69 anos como prioritário e o Brasil segue essa política, a exemplo de outros países europeus como Alemanha, França, Reino Unido, além do Canadá e do Japão. O Ministério da Saúde passou a garantir a mamografia bilateral de rastreamento para as mulheres dessa faixa etária em portaria do ano passado (de número 1.253/2013). Ela prevê o direito ao exame sem necessidade de pedido médico, ou apresentação de sintomas, ou ainda sem que a paciente tenha história de câncer de mama na família. A partir dos 50 anos, o tecido mamário é substituído pela gordura, o que torna mais fácil a visualização de um provável tumor.
Para as mulheres de 40 a 49 anos, o SUS continua garantindo uma mamografia anual, mas do tipo unilateral. A mamografia unilateral, como diz o nome, examina apenas uma das mamas. Ela é indicada para diagnóstico, quando há presença de sintomas ou a paciente tem histórico de câncer de mama na família, ou já está com a doença diagnosticada e precisa da avaliação para identificar o estágio do tumor ou para fazer acompanhamento após ter sido operada.
As entidades representativas dos profissionais recomendaram a seus associados não seguir a portaria governamental e continuar indicando o rastreamento com a mamografia bilateral, de periodicidade bianual, para as pacientes com 40 anos ou mais.
Enquanto os especialistas debatem a questão da faixa etária adequada para o rastreamento preventivo do câncer de mama, e pressionam o governo a rever a decisão, é baixa a aderência do público alvo, ou seja, mulheres entre 50 e 69 anos, ao exame. Dados de 2011, do SUS, mostram que menos de 30% da população que deveria fazer a mamografia, segundo a portaria do Ministério da Saúde, se submeteram, de fato, ao exame. Se você tem 50 anos ou mais, portanto, procure seu médico para agendar o exame preventivo hoje mesmo.