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Dona Helena

Confira a reportagem do Portal SCInova sobre o lançamento do InovaDona

Jornalista Fabrício Umpierres, editor do portal, esteve em Joinville para acompanhar a inauguração e entrevistou os gestores da unidade; leia aqui o texto original

Desenvolver um novo modelo de apoio, validação e investimento em soluções inovadoras em saúde é o foco de uma parceria que envolve uma das mais tradicionais instituições de saúde de Joinville (SC), o ambiente de um parque tecnológico e um dos mais ativos fundos de seed capital do país. 

A conexão entre o Hospital Dona Helena, fundado há 106 anos na cidade do Norte catarinense, o Ágora Tech Park e a Bossanova Investimentos resultou em uma “engrenagem” na qual startups de todo o país podem se conectar à instituição de saúde para testar e validar soluções, com possibilidade de gerar negócios, acelerar projetos e captar rodada anjo/seed.  

O ponto de partida é o lab de inovação InovaDona, apresentado na última quarta (31) em evento para mais de 100 pessoas no Ágora Tech Park. “Criamos um funil de iniciativas que engloba o hospital inteiro, do assistencial ao back-office, além de nos conectarmos com universidades e o ecossistema local de tecnologia. O que nos atrai são projetos que gerem impacto, qualifiquem pessoas e processos”, explica Chander Turcatti, gerente de inovação do InovaDona. 

As primeiras ações focadas em transformação digital e inovação aberta iniciaram há dois anos, com o intuito de repensar processos e sistemas internos, cultura corporativa e atração de startups – mas foram nos últimos seis meses que as atividades se intensificaram, com a realização de um hackathon com colaboradores e a conexão com novos negócios inovadores. Segundo Chander, há mais de 20 projetos selecionados que devem ser agregados ao escopo de desenvolvimento do InovaDona. 

Um exemplo é a parceria com a healthtech brain4care, que desenvolve tecnologia pioneira de monitoramento não invasivo de variações de pressão e complacência intracraniana. A partir de setembro, 350 pacientes que sofrem de epilepsia serão selecionados para participar de um estudo clínico no Dona Helena que tem como objetivo avaliar o padrão de variáveis cerebrais relacionadas à doença – uma condição neurológica bastante comum, que acomete uma a cada 100 pessoas. 

“Uma delas é a complacência intracraniana como mais um indicador para determinadas alterações nos pacientes”, explica o neurologista Felipe Ibiapina dos Reis, que coordena a pesquisa. O alvo são pacientes com diagnóstico de epilepsia, maiores de 18 anos, que serão monitorizados pelo sensor da brain4care, posicionado na região frontotemporal. O procedimento não é invasivo – o equipamento é aplicado ao redor do couro cabeludo, logo abaixo da maior circunferência do crânio, usando uma fita plástica ajustável. Espera-se que, futuramente, esses dados possam servir para um melhor controle das crises.

“Já fomos somente um hospital, hoje somos um sistema de saúde”, comenta o superintendente médico assistencial Danilo Abreu. Para ele, ainda há muitas “dores” que sequer foram mapeadas e que vão além da parte hospitalar, mas que impactam diretamente na gestão (faturamento, ciclo de receita etc) e podem ser identificados e resolvidos “com um mix de tecnologias, pessoas e processos”, explica. 

Com 915 funcionários e mais de mil médicos, o Dona Helena realiza mensalmente mais de 12 mil atendimentos de emergência, 1000 internações, 60 mil exames laboratoriais e 10 mil diagnósticos.  Em janeiro de 2020, com as primeiras notícias da Covid-19 se espalhando pelo mundo, o hospital montou um gabinete de crise e criou um plano de contingência que ajudou a instituição a ter uma das menores letalidades do novo vírus no país. 


Enquanto o Dona Helena quer se consolidar como ambiente de testes e desenvolvimento de startups de saúde – com potencial também de contratar as soluções – a Bossanova entra no arranjo como um potencial investidor em empresas que já passaram pelo filtro técnico e de mercado. 

Em entrevista ao SC Inova, o investidor e cofundador da Bossanova João Kepler afirmou que a expectativa é que esta parceria com o Dona Helena resulte em 10 investimentos nos próximos dois anos, com cheques no perfil anjo/seed capital.

“Este modelo (em que o hospital valida previamente as soluções) vai encurtar muito o caminho para as startups captarem investimento. Não é um Shark Tank (programa de TV), é um aporte racional e técnico. Só neste banco de oportunidades que o Dona Helena está criando teremos boas oportunidades para nosso comitê analisar, pois as startups encaminhadas pelo hospital já terão passado pela avaliação especializada da área médica”, comenta Kepler. 

A Bossanova tem se aproximado gradualmente do ecossistema de Santa Catarina, com 28 startups investidas e parcerias com fundos locais de venture capital, como o Join.VC, formado por empreendedores e investidores do Norte catarinense.  “A região é muito fértil em startups e iniciativas empreendedoras – e dificilmente vemos casos de write-off (fechamento de empresas em função de prejuízos). O ecossistema é o grande diferencial no estado”, conclui o investidor. 

A área de saúde pode ser também um novo foco para o ecossistema da região, já que o Ágora conta com um hub destinado a healthtechs: o hospital de olhos Sadalla Amin Ghanem e a varejista farmacêutica Clamed inauguraram no ano passado iniciativas próprias de inovação e tecnologia no parque tecnológico. 

Como resume José Tadeu Chechi, diretor geral do Dona Helena, “a jornada de inovação gera desconforto, pois a área de saúde muda muito rápido, é preciso dar velocidade ao processo e todos precisam se adaptar. Mas nossa visão de futuro é que vamos aprender muito e materializar isso em resultados para pacientes e funcionários. O propósito é melhorar a qualidade de vida”

Diretor Técnico: Dr. Bráulio Barbosa – CRM-SC 3379