Para esclarecer dúvidas e desmistificar alguns mitos sobre a pandemia do novo coronavírus, a reportagem do jornal O Município Joinville conversou com Danilo Abreu dos Santos Flores da Silva, superintendente médico assistencial do Hospital Dona Helena, especializado em clínica médica e gestão de serviço de saúde.
Que ele é proveniente de um mamífero denominado pangolim. O animal, traficado da Malásia, é suspeito de ser o hospedeiro intermediário do coronavírus.
Os principais sintomas são dificuldades ao respirar, febre, tosse, dor de cabeça, coriza e congestão nasal. A maioria dos casos registrados no país são assintomáticos (sem sintomas) e com sintomas mais leves, mas o quadro pode ser agravado sem os devidos cuidados. No país, de 5% a 10% dos casos têm evoluído para quadros mais graves. “O vírus começa como uma gripe normal, mas pode evoluir para uma síndrome de angústia respiratória mais grave”, explica.
Falta de ar; dificuldade para respirar; alteração no estado mental; confusão; sonolência; febre ascendente ou persistente por mais de 3 dias.
Na fase de transmissão comunitária em que o vírus se encontra no Brasil, há relatos de que o vírus fica na superfície de 12 a 16 horas, caso o local não seja higienizado adequadamente.
“Quando alguém vai ao mercado, por exemplo, e pega um pacote de biscoito, assim que colocar no carrinho, deve passar álcool em gel nas mãos, pois não sabe quem pode ter tocado no produto anteriormente. O mesmo acontece quando chega em casa, antes de guardar o pacote de biscoito, ele deve ser higienizado com álcool 70%, para ficar livre do vírus”.
A transmissão acontece através de gotículas proferidas ao tossir ou espirrar. Essas gotículas vão ao ar e, ao colocar a mão na boca ou em locais onde outras pessoas circulam, em intervalo curto de 12 horas, quem encostar pode pegar a doença. Por isso a importância das medidas de controle.
Comprovadamente, os grupos de risco são compostos por: idosos com mais de 60 anos; pessoas imunossuprimidos (receptores de transplante e de implante, queimados, portadores de HIV e câncer); portadores de doença crônica (cardíaca, hipertensão diabetes), pacientes oncológicos, em tratamento ativo hematológicos: (leucemia, linfoma).
De acordo com estudos recentes, as crianças são carreadoras do vírus, ou seja, transmitem o vírus para a população de forma assintomática ou leve. “Em países com casos mais apurados, não há relatos assustadores com relação a crianças. O percentual é extremamente inferior aos grupos de risco. Idosos têm potencial de gravidade muito maior”, afirma.
Para a prevenção, a higienização das mãos e a etiqueta respiratória são de suma importância. Porém, em países onde houve menor percentual de casos, foram as medidas restritivas que trouxeram resultado.
“Isso significa ficar em casa. Pessoas que estão gripadas, sem sinais de gravidade, devem se tratar em isolamento domiciliar, não há a necessidade de buscar os serviços de saúde, pois nesses locais o risco de contaminação é muito grande”, explica.
Com sinais de gravidade citados acima. No mais, tratar como gripe normal, com antitérmico, dipirona e remédios para febre.
Os sintomas de gripe e coronavírus são praticamente iguais, mas a questão respiratória é mais grave em relação ao coronavírus. Em relação ao resfriado, os sintomas são mais brandos e raramente acontece do indivíduo ter febre. “Porém, neste momento de transmissão comunitária, o sinal respiratório é entendido como afastamento”.
Trabalhamos com taxa de letalidade, ou seja, óbito de pessoas que tiveram a doença. No mundo todo, 3,4% das pessoas morreram em decorrência do vírus. No Brasil ainda é precoce falar sobre letalidade. Há apenas um óbito oficial, mas outras mortes estão sob investigação.
Para evitar a transmissão comunitária, a pessoa que está sadia não deve sair de casa, assim como o doente sem sinais de gravidade. Em casos de emergências reais, os pacientes continuarão indo aos hospitais, locais com grande risco de contaminação.
Quem foi diagnosticado com coronavírus deve ficar isolado em casa, em um quarto ventilado, com máscara cirúrgica. Quem estiver tratando desse paciente, também deve utilizar a máscara. Em outras situações, não há a necessidade da utilização. “Não há sentido algum em sair na rua de máscara, as pessoas não devem nem sair de casa neste momento”, diz.
A máscara que deve ser utilizada é a cirúrgica, de elástico ou de amarrar, que deve ser trocada de 4 em 4 horas, no máximo. Além disso, é sempre importante higienizar as mãos, não encostar e nem chegar perto de outras pessoas e manter o máximo de isolamento possível.
“Se a máscara estiver visivelmente úmida, deve ser trocada imediatamente. O item deve ser retirado pela parte de trás, nunca pela frente, para evitar contato com gotículas provenientes do paciente”, explica.
De acordo com Danilo Abreu dos Santos Flores da Silva, pessoas doentes ou com suspeita de coronavírus, além do isolamento, não devem compartilhar talheres, toalhas, roupas e nenhum item de primeira necessidade.
Não há a necessidade de fazer estoque de produtos em casa, seja de itens de saúde ou produtos alimentícios. “Esses produtos estão em falta sem sentido algum. As pessoas precisam e podem comprar, mas com responsabilidade”.
Outra situação que o médico comenta é a falta de kit de testes de coronavírus no setor público, onde muitas pessoas utilizaram o item sem necessidade de diagnóstico.
“Nós, do Hospital Dona Helena, estamos ajudando e vamos continuar buscando uma solução para o problema. Neste momento não deve haver divisão de setores públicos e privados, é uma questão de saúde pública”, afirma.