Mais de 37 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço estão estimados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) para 2020. É o quarto tipo de câncer com maior incidência (exceto os de pele). Com o objetivo de conscientizar e alertar a população sobre os sintomas da doença, fatores de risco e a importância da detecção precoce, existe o #JulhoVerde, campanha nacional de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).
Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), tireóide e seios paranasais. Segundo a Associação de Câncer de Boca e de Garganta (ACBG), esse tipo de câncer é o quinto mais frequente entre os homens. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide.
Segundo Kauê Milanez Lopes, cirurgião de cabeça e pescoço que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), um dos principais fatores que desencadeiam este tipo de câncer é o tabagismo. “Fumantes têm 100 vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe. Não à toa, o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, informa o profissional. Só no Brasil, são 156.216 mortes anuais e 428 mortes por dia. Além do tabagismo, a ingestão de bebidas alcoólicas também é um agente relacionado a este tipo de câncer. Ambos correspondem pela maior parte dos novos casos de câncer de cabeça e pescoço diagnosticados no país. De acordo com especialista, existe prevenção: “Cessar tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas, realizar avaliação periódica e manter em dia a higiene oral”, elenca.
Em geral, a idade média ao diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço é entre 60 e 65 anos. Porém, segundo a SBCCP, a infecção pelo papilomavírus (HPV) tem contribuído, nos últimos anos, com o aumento na incidência desta doença em pessoas mais jovens (com menos de 45 anos). A transmissão deste vírus se dá principalmente pela via sexual. “No caso dos tumores de cabeça e pescoço, através do sexo oral. A melhor maneira de se prevenir é pela utilização de preservativo durante relação”, reforça Lucas Sant’Ana, médico oncologista do corpo clínico da mesma instituição, lembrando que existe vacina contra HPV, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Além do HPV, vírus como EBV e o HIV também estão associados ao câncer de cabeça e pescoço. “A exposição excessiva à radiação solar ultravioleta também pode representar fator de risco para câncer de lábio”, aponta o especialista.
“O câncer está na cara, mas às vezes você não vê”
Segundo Lucas Sant’Ana, nas fases iniciais, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos. “À medida que progridem, podem levar a alguns sintomas que devem servir de alerta: manchas na boca, dor em região oral ou para deglutir, feridas com cicatrização demorada, mudança na voz como rouquidão persistente e dificuldade para engolir. Nas fases mais avançadas da doença, podem ainda surgir nódulos na região cervical”, detalha o médico oncologista. Por isso, a quarta edição da campanha do #JulhoVerde, promovida pela SBCCP, traz o lema “O câncer está na cara, mas às vezes você não vê”.
O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. O diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, deixa sequelas no paciente. “Não existem exames de rotina para identificação deste tipo de tumor como ocorre, por exemplo, com a mamografia para câncer de mama ou colonoscopia para câncer de cólon. Profissionais de saúde da família, assim como dentistas, são fundamentais para o diagnóstico das lesões iniciais, fase em que os índices de cura são mais elevados”, informa o médico.
Para realizar o diagnóstico, inicialmente é feito um exame para detecção da lesão através da inspeção da cavidade oral. “Para tumores mais profundos é necessário o emprego do nasofibrolaringoscópio. Após a visualização da lesão, realiza-se a biópsia da mesma”, informa Sant’Anna. O tipo do tratamento e as chances de cura dependem do estágio em que a doença se encontra. “Para tumores em fases mais iniciais, a cirurgia isolada pode ser curativa em grande parte dos casos. Para estágios mais avançados, outras abordagens terapêuticas podem ser necessárias.”
Assessoria de imprensa Hospital Dona Helena. Jornalista responsável: Guilherme Diefenthaeler (reg. prof. 6207/RS). Texto: Marcela Güther. Tel. (47) 3025-5999.