Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pulmão é o segundo mais comum no Brasil, sendo também o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. Em aproximadamente 90% dos casos diagnosticados, a doença está associada ao consumo de derivados de tabaco. Com o objetivo de diminuir esses índices, neste mês, ocorre a campanha “Agosto Branco”, que visa a prevenção e conscientização para este tipo de câncer.
O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. “A maioria dos pacientes com câncer de pulmão têm histórico de tabagismo. Outros fatores de risco menos comuns são: exposição à radiação, residir em local com elevado índice de poluição do ar e histórico familiar de câncer de pulmão”, aponta Lucas Sant’Ana, médico oncologista que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC).
Nos homens, o câncer de pulmão ocupa a 3ª posição em incidência e, entre as mulheres, o 4º lugar. A média de idade de diagnóstico se situa em torno dos 65 anos. O câncer de pulmão possui comportamento agressivo e os sintomas decorrentes dessa doença se agravam conforme ela avança. Entre eles, estão tosse persistente, falta de ar, dor ao respirar e perda de peso inexplicada. “Tradicionalmente, de acordo com a histologia, o câncer de pulmão sempre foi dividido em duas categorias: pequenas células e não pequenas células, sendo o primeiro grupo de comportamento mais agressivo. No entanto, as pesquisas em câncer de pulmão têm avançado muito nos últimos anos e atualmente temos identificado diversas alterações moleculares específicas que subclassificam os tumores em vários outros grupos”, explica o médico oncologista.
Segundo o especialista, o tipo de tratamento depende principalmente do estágio em que a doença se encontra. “Nas fases mais iniciais a cirurgia é a principal ferramenta. Já nas mais avançadas, pode-se lançar mão da radioterapia e medicações específicas (quimioterapia, terapia alvo ou imunoterapia)”, aponta. “Caso o paciente seja elegível para uma cirurgia, pode ser necessário retirar parte ou mesmo todo o pulmão acometido, procedimento que carrega risco cirúrgico inerente. Além disso, pode ainda haver diminuição permanente do fôlego do paciente, devido à retirada do pulmão. Caso ele não seja elegível para a cirurgia, utiliza-se medicação venosa ou comprimidos, que podem trazer uma série de efeitos colaterais, a depender da terapia escolhida”, detalha o médico.
A possibilidade de cura relaciona-se diretamente com o estágio em que o câncer se encontra, por isso a importância do diagnóstico precoce. “Em fases mais precoces, há elevadas chances de cura mas, à medida em que doença avança, essas chances diminuem”, alerta Lucas. Atualmente, é preciso atentar-se ainda mais para a prevenção, pois pacientes com câncer de pulmão geralmente têm limitações pulmonares e possuem outras comorbidades, como hipertensão arterial, todos fatores de risco caso se infectem com a Covid-19. A cessação do tabagismo é crucial para reduzir as chances de desenvolvimento deste tipo de câncer. “Para pacientes tabagistas e com risco mais elevado de desenvolver câncer de pulmão, recomenda-se realização de tomografia de tórax anuais a partir dos 55 anos”, aconselha o especialista.