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Dona Helena

Precisamos falar sobre câncer de pulmão 

Casos devem chegar a 73 mil até 2040; Agosto Branco alerta para a prevenção 

Lucas Sant´Ana, coordenador do Oncocenter Dona Helena, serviço especializado em oncologia do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)

Estamos no Agosto Branco, o mês dedicado a despertar a consciência da população acerca do câncer de pulmão, um dos tumores mais comuns no mundo e o maior responsável pelas mortes decorrentes de câncer no planeta. No Brasil, é o segundo tipo mais frequente em homens e o quarto em mulheres. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, o Brasil registrou cerca de 40 mil novos casos de pulmão. Em 2040, a expectativa é de que esse número chegue a 73 mil. Isso representa um aumento de cerca de 80% de novos casos nos próximos vinte anos.

Não há dúvida de que o mais importante fator de risco para o câncer de pulmão é o tabagismo: mais de 90% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão fumam ou fumaram no passado. Quanto maior a exposição ao tabagismo (maior uso diário de cigarros e número de anos fumando), maior o risco de desenvolver câncer de pulmão. Os fumantes passivos – pessoas que não fumam, mas que ficam próximas de fumantes – também correm grande risco, embora menor do que o dos fumantes.

Outros fatores incluem: poluição atmosférica, exposição à radiação, exposição a asbestos. Caso as pessoas que trabalham com esses materiais ainda fumarem, correrão risco ainda maior. Com muito menos frequência, a doença pode surgir em pessoas que não se exponham de nenhuma forma ao fumo.

Os sinais e sintomas ao quais deve-se ficar atento quanto ao risco de câncer de pulmão são: tosse, perda de peso, falta de ar, dor ao respirar. Importante ressaltar que esses sintomas também são comuns a diversas outras doenças pulmonares, como as infecções respiratórias, e não são específicos de câncer de pulmão. Além disso, muitos dos fumantes apresentam esses sintomas como consequência da bronquite crônica ou do enfisema pulmonar. A regra é: se os sintomas durarem por várias semanas, merecem investigação mais aprofundada, por isso é sempre importante uma avaliação médica.

Alguns estudos sugerem que  pacientes com alto risco, como os fumantes, façam anualmente uma tomografia computadorizada, a partir dos 55 anos, a fim de tentar identificar o câncer de pulmão em uma fase mais precoce. Notou-se que essa medida pode ajudar a detectar tumores menores e aumentar a chance de cura. No entanto, a melhor estratégia para prevenção é eliminar ou pelo menos reduzir significativamente o uso do fumo.

Em geral, o diagnóstico do câncer de pulmão vem de uma suspeita clínica associada a um exame de imagem alterado. De posse dessa informação, o médico solicita biópsia da lesão suspeita para confirmar o diagnóstico. Para efeitos práticos, há dois tipos principais de câncer de pulmão, algo que é definido pela biópsia: células não pequenas (85% dos casos) e células pequenas (15% dos casos). Hoje, o tipo mais comum de câncer de pulmão é o adenocarcinoma, um subtipo do tumor de células não pequenas.

O tratamento para o carcinoma de pulmão é extremamente heterogêneo, a depender de vários fatores, como idade do paciente, estadiamento do tumor e tipo do tumor. Para tumores em estágios iniciais, a cirurgia costuma ser a principal ferramenta. Já para tumores mais avançados, necessita-se de radioterapia e ou quimioterapia. Nos últimos anos, a ciência evoluiu muito nas terapias para essa neoplasia e outras drogas foram acrescentadas ao arsenal terapêutico oncologista. A imunoterapia e a terapia alvo têm sido cada vez mais utilizadas, e, com isso, taxas de cura mais elevadas podem ser alcançadas.

Diretor Técnico: Dr. Bráulio Barbosa – CRM-SC 3379