A discussão sobre segurança do paciente ganhou notoriedade global a partir da publicação do relatório “To Err is Human” (1999), do Institute of Medicine (IOM), que revelou que cerca de 98 mil mortes anuais nos Estados Unidos estavam relacionadas a erros evitáveis em serviços de saúde.
Em seguida, o documento “Crossing the Quality Chasm” (2001), também do IOM, ampliou o debate ao propor uma nova abordagem para a qualidade na saúde, enfatizando a necessidade de um sistema centrado no paciente, baseado em evidências e que promova segurança, eficiência e equidade.
Esses relatórios foram decisivos para impulsionar o movimento global por uma assistência mais segura e fundamentaram diversas iniciativas internacionais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em 2004 a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, instituindo metas estratégicas para reduzir riscos em sistemas de saúde, sendo o Brasil um dos países signatários deste movimento.
Como parte dessa iniciativa, foram propostas as Metas Internacionais de Segurança do Paciente, que posteriormente foram difundidas e operacionalizadas por organismos de acreditação como a Joint Commission International (JCI). Elas incluem:
Essas metas funcionam como pilares para a estruturação de processos seguros e para o monitoramento de riscos assistenciais, sendo reconhecidas internacionalmente como referência para boas práticas clínicas.
Em 2017, a OMS lançou o desafio global “Medicação sem Dano”, com o objetivo de reduzir em 50% os danos graves e evitáveis associados a medicamentos, no prazo de cinco anos. Outro marco importante foi a criação da Classificação Internacional para Segurança do Paciente, uma taxonomia que organiza os conceitos fundamentais sobre incidentes, tipos de eventos, causas contribuintes, danos e formas de análise.
Neste movimento, o National Health Service (NHS) do Reino Unido desenvolveu a ferramenta Protocolo de Londres para apoio na análise de eventos adversos em saúde. Ele é uma metodologia estruturada para análise de causa-raiz, sendo amplamente utilizado por sua abordagem sistematizada e orientada para prevenção de reincidências.
No Brasil, motivado pelo engajamento na Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, foi publicado em 1º de abril de 2013 o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da Portaria nº 529/2013, e a RDC nº 36/2013, que estabeleceu a implementação dos Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) nos serviços de saúde. Em 1º de abril de 2025, a Portaria nº 529 completou 12 anos, marcando mais de uma década de avanços significativos na consolidação da segurança do paciente no país.
Esses marcos regulatórios foram fundamentais para fomentar a estruturação de políticas institucionais, a criação de protocolos e a disseminação da cultura de notificação de incidentes.
Paralelamente, programas de acreditação hospitalar, nacionais e internacionais, têm incentivado a maturidade dos processos de qualidade e segurança, promovendo o alinhamento com os padrões globais.
Adotar uma cultura justa, onde o erro é tratado como uma oportunidade de aprendizado e não de punição, é essencial para a melhoria contínua.
A notificação de incidentes de segurança — sejam eles eventos adversos, incidentes sem dano ou quase erros — permite a análise profunda das causas, a revisão dos processos e a implantação de barreiras de segurança. A utilização de ferramentas como o Protocolo de Londres, a Análise de Causa Raiz e os ciclos de melhoria como o PDSA (Plan-Do-Study-Act), amplamente promovidos por organizações como o Institute for Healthcare Improvement (IHI), são essenciais para transformar dados em conhecimento e conhecimento em ações concretas para reduzir riscos.
Promover a segurança do paciente vai muito além do cumprimento de requisitos normativos. Trata-se de um compromisso com a vida, com a ética assistencial e com a humanização do cuidado.
As organizações de saúde têm papel determinante nesse processo, ao construírem ambientes colaborativos, que favoreçam o relato de falhas, o aprendizado contínuo e o aperfeiçoamento dos processos. Uma cultura institucional forte e engajada é o solo onde germina um sistema de saúde mais seguro, mais justo e verdadeiramente centrado no paciente.
*Artigo de autoria de Amanda Greipel, coordenadora da Qualidade do Hospital Dona Helena
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |